Partiu uma grande mulher. Foi-se Dona Ruth Cardoso a quem sempre nutri, sem muito entender, grande admiração e carinho. Era uma mulher especial para mim. Alguém me ensinava pelo que eu via pela tv. Sempre discreta, sem deslumbramento, centrada, culta e tantos outros adjetivos que gostaria de possuir. Diferentemente das primeiras-damas, não vivia a sombra do espôso e desfrutando do luxo permitido. Trabalhava, apenas isso. Doava-se por aqueles que eram lembrados nos tempo eleitoreiros e esquecidos logo após. Com suas iniciativas embrionou as bolsas que hoje existem e que infelizmente, hoje, fazem parte de um ciclo vicioso estado-dependente.
Talvez seja pelo tanto que ela fez sem que aparecer que me encheu os olhos. Mas acho que mais que isso, o sair de si, da sua vida tão cuidada, da sua bolha que me encantou e me fez admirá-la profundamente.
Por tudo isso fiquei triste com a partida dela, até disse em casa 'ah, não gostei'. Tem tanta gente que parece merecer morrer, mas ela não merecia. Certamente Dona Ruth cumpriu a missão dela e continua a cumprir, tendo, mesmo que inconcientemente delegado a tantos a missão que ela começou.
Quem sabe um dia eu possa chegar perto do que ela era, não uma primeira dama, mas uma mulher cidadã. Afinal, o Brasil precisa de muitas Ruths...
